Sunday, May 31, 2009

Um tal de "dois ou três anos"

"Dois ou três anos são suficientes para a realização de uma reviravolta interior. Aprende-se, primeiramente, a empregar corretamente certos pronomes. E, aos poucos, progride-se na busca pela perfeição, realizada pelos amantes da escrita, como eu. 'Cecilia, não se começam frases com um pronome oblíquo! (risos)', disse-me tantas vezes a grande e especial mestra que me acompanha há bastante tempo, e me aconselha sobre formas de melhorar meus textos, ao corrigir minhas redações feitas na escola. E ela insistiu, até que a informação fosse processada por mim. Até lá, predominou o vício de escrever a primeira coisa que vinha à cabeça. Sinceridade? Pressa? Acho até natural essa regra dos pronomes ter demorado a ser absorvida por mim, porque há três anos era muito mais nova do que agora. Mais nova em todos os sentidos. Imaturidade para muita coisa, entre elas os relacionamentos (já muito intensos) e os estudos, que realmente não eram levados a sério.
[Aliás, percebo que a mania de usar a voz passiva também tem de ser revista... (risos)]
E a dona do coração que foi chamado 'velho' percebeu que muitas vezes a idade dele não era compatível com a da mente. De suas ações. Impróprias, impensadas. Enquanto o coração sofre da maneira mais dura e intensa possível, a cabeça avoada decide que rumo tomar sem ponderar muito. Atitudes precipitadas, como boa e verdadeira ariana que é. Mas por vezes culpar o signo pelas ações da gente é pura bobagem. Por vezes? Melhor seria generalizar, e colocar um "sempre", bem radical e forte. Isso é algo em que eu venho pondo fim ao longo desses dois ou três anos. Melhor pensar que a impulsividade é inerente a mim, sem ter nenhuma relação com o que o Zodíaco diz a respeito das pessoas nascidas a 24 de março. Refletindo agora, não consigo lembrar da origem dessa crença...
Entre os fatos que contribuíram para o amadurecimento de minhas opiniões e atitudes, estão a vivência de uma paixão forte e duradoura, a chamada para a importância de estudar, caso tenha-se em vista o objetivo que possuo no momento (entrar em uma faculdade, e após a aprovação poder sentir a mistura de orgulho e alívio; exercer uma profissão que possa despertar em mim a sensação de dever cumprido ao auxiliar o máximo que puder qualquer um que de mim necessite), e a triste - ou seria melhor considerar... necessária? - constatação de que as pessoas nem sempre atingem a imagem altiva que se atribui a elas.
São experiências interessantes, que refletem bem a mudança da infância para a fase adulta. Novos conflitos surgem, e aos poucos notam-se formas diferentes de lidar com eles. Sem vergonha de admitir, pode-se enxergar que as visões expostas em um texto de 2006 modificaram-se muito em relação às colocadas em 2009. É bom ver que pude crescer. E fica o desejo de que essa maturidade se estenda, desde os meus atos até minhas palavras.
Dois ou três anos são muito tempo, mas apesar da reviravolta interior, não se pode falar em uma mudança completa. Continua vivendo em mim a menina pequena, chamada de "esponjinha" (por alguém que foi mais que especial e necessário a essa evolução), por absover demais a situação à sua volta. Aquela que guarda o utópico desejo de voltar a morar com todos os irmãos, e a mania terrível de tentar encaixar as pessoas em seus moldes de perfeição. Que vê poesia em tudo, mas poucas vezes tem papel e caneta em mãos. A Ciça, aquela de óculos, baixinha e meiga que predominou por tantos anos, mas viu-se ameaçada pelo grande mundo à sua volta e teve que mudar um pouco.
Após aprender a regra dos pronomes oblíquos, espero poder ter a inspiração necessária para realizar o grande sonho de escrever um livro que possa tocar profundamente o coração de muitas pessoas, e mostrar a elas como é boa a sensação de enxergar o mundo com um pouco mais de doçura.
E que o coração velho torne um pouco velha também a mente! Quem sabe daqui a uns novos 'dois ou três anos'?"

De autoria de uma ".cecilia." diferente. Agora sem os pontos ao início e ao final, que de nada lhe serviam. Praticidade, direção; prática e direta. Agora com letra maiúscula e nome inteiro. De autoria de uma verdadeira Maria Cecilia Monsanto da Rocha.
Esta postagem foi escrita ao som de 311, Los Hermanos e 30 seconds to Mars, além de algum momento passado em silêncio. Sim, demorei a escrevê-lo... Cara Clarice, espero um dia conseguir a proeza que alcançaste: deixar que voem as palavras após escritas, não tomar mais posse delas, jamais reler um texto já acabado. Façanha mesmo.

2 comments:

Anonymous said...

Que lindo dom esse, pekena.
O que você escreve é infinitamente superior a tudo que tem valor..
;**

GUTO CARIELLO said...

Suas palavras revelam seu ser... Me encanto! Adorei o texto! Parabéns!
*-*