Tuesday, June 27, 2006

Agora vou-me

E se um dia eu virar uma estrela, olhar vocês só de longe... Saibam que eu era firme quando disse que o meu amor era eterno.
Sinto como se fosse embora. Agora, daqui a pouco, sei lá. Tá vazio. Em branco. Talvez cinza. Que nó na garganta... Desce quente a bebida, veloz e pesada como pedra, delírio, dor, saudade... Começo a sentir aquela paz. Isso, paz, por favor!
Ele vem me buscar.
Vou levá-los comigo para o eterno.

E a cada segundo pulsa mais devagar... mais e mais lentamente...
Vou-me embora. Sinto paz. Ele vem me buscar.
Vou levá-los comigo para o eterno.
Meus melhores. Meus amantes, passageiros, ou ficantes, traiçoeiros, amigos, companheiros, namorados, tão queridos; os levo comigo.



É O FIM.

Fim de uma vida.

Tuesday, June 20, 2006

onda...

Desculpe-me.
Não tenho sabido o que escrever.
Mas hoje pensei sobre tantas coisas...
Depois transcrevo alguns desses pensamentos pra cá.
Agora eu preciso voar.

Tuesday, June 06, 2006

Para o mundo

Renúncia
Chora de manso e no íntimo... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia
O mundo é sem piedade, e até riria
da tua inconsolável amargura...
Só a dor enobrece e é grande e é pura
Aprende a amá-la que a amarás um dia
Então ela será tua alegria
E será, ela só, tua ventura...
A vida é vã como a sombra que passa
Sofre sereno e dalma sobranceira
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
tua doce e constante companheira...
~Bandeira
~comentário~
" 'Só a dor enobrece e é grande e é pura', disse o vivido Bandeira no lindo soneto 'Renúncia'. No poema, o autor aborda o que sentiu ao escolher um dos rumos a ele oferecidos pela vida. Manuel,ao deparar-se com a grave tuberculose, estava entre a amargura de viver somente a esperar a morte chegar, ou enfrentar de cabeça erguida o obstáculo que a doença representou durante a sua juventude. O segundo caminho pareceu-lhe mais propício.
Destino incerto, encontrar a salvação seria questão de sorte. Talvez milagre. E por que não arriscar?
Manuel dedicou-se inteiramente aos pensamentos e palavras, não haveria melhor maneira de passar aqueles que poderiam ser os últimos dias da sua vida.
Poemas e crônicas, palavras soltas, grandes frases... Aí encontrava-se sua grande fonte de felicidade. Por sua causa, e utilizando-as, a dor podia parecer tão distante do coração de Manuel.
E então aquele foi o seu destino: a vida voltou a presentear Manuel, desta vez não com destinos possíveis, escolhas viáveis; mas sim com a cura da doença. Estava em suas mãos a chave para toda a unidade da vida. Manuel nunca esteve só. Apesar de tantas vezes ter tornado-se transparente, a fé era como a dor: sua constante companheira.
Imagens não valem mais que palavras, e estas são capazes de curar. A dor faz parte: renunciar a um mundo cheio de azul por uma realidade com um toque gris pode fazer bem... Afinal, é esta a realidade. Uma mistura de cinza com azul, preto com branco: a vida é feita de contrastes."

Saturday, June 03, 2006

Thursday, June 01, 2006

A flor

Eu vi cair a pétala da rosa. E, por um momento, invejei-a. Como será que ela perde algo assim, tão importante, e continua lá, viva, alegre, bonita? Difícil de entender. Será que ela não sente dor, ou mesmo saudade? Aquele pedacinho dela devia estar lá desde o momento em que formou-se, ou do primeiríssimo segundo em que ela floresceu.
Para os homens, a perda é sinônimo de tristeza, e por mais que saibam que "só a dor enobrece, e é grande, e é pura", como já dizia Bandeira, fazer dela uma virtude é, de fato, muito complicado. "Aprende a amá-la, que a amarás um dia", com razão disse o poeta. Se a rosa não sente dor ao ver a pétala que se vai, porque é que o homem sente tanta falta do que deixa de pertencê-lo ou estar com ele, algum dia? Parece que tudo tem um fim, senti-lo chegando é pura tristeza. Resta-nos aprender a amá-la... a amaremos um dia. O fim é triste, dói tanto notá-lo...
Perder o que se ama é como ver a pétala cair. E deixar de ter alguém tão importante é como a queda de todas as pétalas...

(8) Los Hermanos - Retrato pra Iaiá